um dos perigos dos dispositivos móveis é a prática de Multitasking

mudamse tempos

Os 5 perigos do Multitasking

Partindo do princípio que as crianças têm cada vez mais recursos multimédia à sua disposição, e que na grande maioria das vezes os pais se queixam da falta de tempo, dividido entre responsabilidades do trabalho, tarefas domésticas, trabalhos de casa… impõe-se a seguinte questão:

O que acontece se a gestão dos dispositivos estiver a cargo das crianças e jovens sem supervisão atenta do adulto, dos pais, dos professores?

Alguns estudos apontam a resposta, num conceito que apesar de não ser novo está a ganhar um número de adeptos cada vez maior, o “multitasking”, isto é, as crianças sem conseguir abdicar das tecnologias, têm progressivamente tentado integrar a utilização das mesmas nos vários ambientes e atividades que frequentam.

Em vez de “primeiro isto… depois aquilo” os jovens, querem tudo ao mesmo tempo e a todas as horas, sendo cada vez mais difícil para os pais impor regras, definir limites!

Se sempre foi difícil fazer cumprir regras simples como manter o televisor desligado no momento de fazer os trabalhos de casa ou de estudar para os testes, podemos facilmente imaginar o seguinte cenário:

“ O aluno chega a casa, coloca os livros e cadernos da disciplina de matemática em cima da mesa da sala e enquanto liga o portátil. Depois da difícil tarefa de encontrar a banda sonora certa para o estudo, abre o email, o professor de matemática ficou de enviar a matriz para o teste… mas a internet de casa está lenta, por isso resolve dar uma espreitadela rápida ao seu feed de facebook. Tira uma selfie, com cara de desespero a olhar para o caderno da disciplina, a resposta rapidamente se faz sentir, no espaço de 10 minutos, recebe 50 gostos e 4 comentários. Visivelmente mais contente lê o enunciado da primeira questão, ainda não tinha terminando o raciocínio da resposta quando recebe uma SMS da sua melhor amiga, a confirmar que a matéria é uma verdadeira seca. Responde com seu melhor internautês e volta ao trabalho. Já passou meia hora, a mãe alerta que o jantar está quase pronto. Começa a responder à segunda questão, mas a meio lembra-se que os emails já devem estar descarregados… “.
multitasking
Investigações recentes nos Estados unidos, mostram que o hábito de multitasking, começa cedo, por volta dos 8 anos e consiste em fazer ao mesmo tempo um conjunto de atividades não relacionadas umas com as outras, como por exemplo, fazer os trabalhos de casa, ouvir música, ir à internet ou jogar no tablet.

Outros estudos revelam que para os alunos mais velhos, universitários (especialmente a partir do segundo ou terceiro) que o comportamento de multitasking se estende às salas de aulas. Os alunos não parecem mostrar qualquer tipo de pudor em utilizar dispositivos nas aulas como telemóveis, portáteis ou Tablets para fins não educativos, mesmo quando sabem que o seu comportamento está a ser monitorizado.

Será que as crianças, jovens e porque não, nós os adultos simplesmente perdemos a capacidade de ignorar, um toque de uma SMS, ignorar um aviso de um novo post de uma rede social e até vencer a curiosidade de verificar o email 10 vezes ao dia?

Será que nos devemos dar por vencidos e encontrar no “ multitasking” a solução?

Investigadores da área da psicologia explicam que não.

Que esta prática apesar de muito comum tem consequências negativas na vida de todos nós, especialmente no caso das crianças e jovens.

Tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, quando ambas as tarefas são simples, naturalmente não tem qualquer tipo de problema. Por exemplo, podemos estar a ouvir música ou a ver televisão enquanto estamos a passar a ferro, ou a fazer qualquer outra atividade que não implique níveis altos de concentração. Mas estudar, não!

Quando tentamos estudar enquanto realizamos outras tarefas relacionadas com os media digitais (enviar sms, emails, escrever posts) somos obrigados a gerir os mesmos recursos cognitivos, por isso, torna-se muito difícil não cometer erros.

Por vício, ou simplesmente por sobrevalorizarem as suas próprias capacidade quando realizam duas ou mais atividades ao mesmo tempo, verificou-se que os jovens não conseguem fazer uma correta autoavaliação do seu rendimento e perceber o que está em jogo e o que se perde quando se tenta complicar e fazer tudo ao mesmo tempo.

  1. Demoram mais tempo a completar uma tarefa devido ao tempo gasto em atividades paralelas;
  2. Sentem um aumento de fadiga mental. Alternar sucessivamente entre diferentes tipos de linguagem (formal exigida para os trabalhos escolares e informal abreviada normalmente utilizada nos telemóveis e Tablets) tem o seu custo e exige um esforço adicional ao aluno;
  3. Revelam alterações na memória de longo prazo. Como a atenção estava dividida no momento de codificar a informação, revelam dificuldades e mais falhas na evocação de conceitos.
  4. Mostram ainda dificuldades em extrapolar os novos conceitos aprendidos, isto é, em generalizar aprendizagens.
  5. Apresentam quebras de rendimento escolar, alunos que apresentam mais frequentemente este tipo de comportamento, evidenciaram notas inferiores, comparados com os outros colegas.

 

Conclusão

Numa altura que cada vez mais professores e famílias se rendem à utilização dos tablets na educação, a par dos manuais escolares, é importante dedicar especial atenção a este fenómeno do multitasking.

Infelizmente os educadores ao contrário dos dispositivos eletrónicos com ligação à internet, não tem o dom da ubiquidade! Por isso, devem tentar compreender não só o número de horas que os filhos possam estar ligados à internet, mas também o tempo que possam estar em multitasking, especialmente durante o estudo.

As crianças e jovens têm de ser educados a saber gerir a sua relação com os dispositivos eletrónicos e a compreender as vantagens de fazer cada coisa a seu tempo.

Para as ajudar neste processo os pais, professores e terapeutas, devem estar atentos, o melhor é sempre agir por antecipação e prevenir problemas. Poderão utilizar estratégias simples, instruções claras, usar temporizadores, mostrar-se firmes e por último mas não menos importante… dar o exemplo.

Se tiver dificuldade em gerir este tipo de situações em sua casa, não hesite em contactar um especialista!

 

Bibliografia

http://blogs.kqed.org/mindshift/2013/05/how-does-multitasking-change-the-way-kids-learn/